"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" só há 500 anos. O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento _ao meu país_ com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteios sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento de juros .
(...)
Esses 185 mil quilos de ouro e 6 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos emprétimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. Pensar o contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.
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Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?
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Muito peso em ouro e prata...quanto pesariam se calculados em sangue? Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absluto fracasso financeiro e a dem~encia e irracionalidade dos conceitos capitalistas. (...) Exigimos assinatura de uma carta de intenções e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privaização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica."
Publicado no Jornal do Comércio - Recife/PE
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