terça-feira, 25 de novembro de 2008

VIII Moitará de Histórias

Imaginem um Moitará marcado com uma semana de antecedência, em um domingo de "feriadão", com chuva e, para completar, convidando à criação de histórias com base na memória familiar ( às vezes é muito delicado abrir o baú das lembranças ). Tal evento tinha tudo para não acontecer, certo ? Ah! Mas envolvia Contadores e Contadoras de Histórias... E aí não há mau tempo ou feriado prolongado capaz de impedir o encontro.

Um pequeno grupo de valentes se reuniu, neste dia 23, na Clínica POMAR, para mais um Moitará de Histórias do !Ponto do Conto. Confesso que fui para lá achando que ficaria só. Chovia cântaros, como dizia minha bisavó. Na hora marcada, um a um,foram chegando, munidos de guarda-chuva, boas histórias e principalmente, um enorme coração, capaz de fazer a travessia por lembranças nem sempre agradáveis, e transformá-las em histórias, das mais belas que já ouvi. Foram histórias míticas, no sentido de organizar, dar sentido à experiência de vida e compartilhar uma sabedoria que todos os grupos familiares, com certeza, elaboram e transmitem.

Nathália Soledade chamou atenção para o fato dessas histórias estarem se perdendo, pois o tempo de compartilhá-las (penso no tempo da comunicação artesanal, tão bem descrito por Walter Benjamim ) vem sendo atropelado por outro, infinitamente mais acelerado, que nos afasta de nossa Voz; que nos afasta daquele centro a partir do qual contamos as diversas histórias.

Ainda há muito o que refletir sobre a riqueza que foi este momento. De imediato, tenho a percepção que a idéia do Moitará vem ganhando profundidade. Avaliando este processo, que está em seu segundo ano, vejo que a dimensão encontro tornou-se mais forte que a dimensão evento. Esta transformação qualitativa só tornou-se possível, entretanto, pela generosidade dos participantes em ofertar sua Palavra plena de Alma.

A todos, minha admiração, carinho e cumplicidade.


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