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sexta-feira, 13 de julho de 2007

Fotos do III Moitará de Histórias

Imagem do livro O Casamento entre o Céu e a Terra.Leonardo Boff. Ed. Salamandra
... E então, quinhentos e sete anos depois da invasão das terras que hoje chamamos BRASIL, contadores de histórias se reuniram para celebrar os povos que aqui estão há mais de trinta mil anos. Foi o III Moitará de histórias do !Ponto do Conto.
A sabedoria indígena, contida nas diversas histórias, chegou-nos por diversos caminhos: o caminho da transmissão oral, como Ana Cássia e sua avó Jubiaciara, da tribo dos Tremembé; chegou-nos, majoritariamente, através de pesquisa bibliogáfica (aqui incluída a web) e cariocamente, chegou-nos via samba enredo _ a primeira vez que ouvi o mito karajá de Tainah Kan foi em um samba de um bloco, na Ilha do Governador.
Agradeço ao Povo das Histórias por fazer-se presente em um domingo de sol bem carioca e mostrar a força efetiva e afetiva de uma Roda de Contação de Histórias.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Eliana Ribeiro

Eu iniciei o Moitará com a Palavra indígena do século XXI - o discurso feito pelo embaixador mexicano Guaicaípuro Cuatemoc, na Conferência dos chefes de estado da União Européia, Mercosul e Caribe, em Madri (maio de 2002) - a respeito da dívida externa. Sua Palavra representa todos os povos indígenas das Américas...

"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" só há 500 anos. O irmão europeu da aduana me pediu um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financista europeu me pede o pagamento _ao meu país_ com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu me explica que toda dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteios sem pedir-lhes consentimento. Eu também posso reclamar pagamento de juros .

(...)

Esses 185 mil quilos de ouro e 6 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos emprétimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. Pensar o contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas indenização por perdas e danos.

(...)

Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

(...)

Muito peso em ouro e prata...quanto pesariam se calculados em sangue? Admitir que a Europa, em meio milênio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para esses módicos juros, seria como admitir seu absluto fracasso financeiro e a dem~encia e irracionalidade dos conceitos capitalistas. (...) Exigimos assinatura de uma carta de intenções e que os obriguem a cumpri-la, sob pena de uma privaização ou conversão da Europa, de forma que lhes permitam entregar suas terras, como primeira prestação de dívida histórica."

Publicado no Jornal do Comércio - Recife/PE


Nathália Soledade e Diogo Carneiro

Com o cantar semelhante ao da Uiara ou Iara, a sereia amazônica, Nathália Soledade cantou / encantou o mito da ninfa das águas, Mãe-D'Água. E Diogo Carneiro, lembrando-se que em criança passara por ritual no qual recebera um nome indígena, contou a Vitória-Régia , a jovem índia apaixonada que se lança às águas misteriosas, sendo transformada por Jacy, a Lua , em uma estrela das águas - a Vitória-Régia.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Bruna Estrella

Bruna Estrella, responsável pela documentação em vídeo do Moitará, ampliou sua participação... Trouxe um alerta:

"Quando a última árvore tiver caído.

Quando o último rio tiver secado.

Quando o último peixe for pescado,

aí sim, vocês vão entender que dinheiro não se come."

Ana Cássia Nogueira

Com a força criativa da Lama, Ana Cássia Nogueira, arteterapeuta e contadora de histórias, maravilhou a roda do Moitará com um conto, reescrito a partir de história ouvida de sua avó, Jubiaciara, da tribo dos Tremembé, uma das tribos que ainda resistem no sertão do Ceará.
" E minha avó, com os olhos emocionados como se tivesse assistido a tudo aquilo, terminava a história dizendo:
_É daí, Ana! É daí que vem a vida!
Foi assim que eu aprendi a reseitar a lama e todos os peixes, rãs, cobras e grilos, que vieam dela e ue abriram camino para nós... Com minha avó, JUBIACIARA, índia da tribo Tremembé!
Fica registrada a solicitação para que Ana Cássia, poeta que é, publique os contos aprendidos com Jubiaciara, sua avó.

Maria Soares

Maria Soares, contadora de histórias voluntária do Projeto Viva e Deixe Viver e professora de História em formação, troxe quatro preciosidades para o III Moitará: Cláudia, Maria Victória, Ana Clara e O Princípio do Mundo.

"Todas as coisas estavam envoltas numa escuridão impenetrável; uma neblina densa cobria a terra. Saíram das trevas dois índios: um Caruçacahy (Caru), grande e corpulento; uotro, Rairu seu filho..." Fonte: Lendas Indígenas - Gráfica Ed.Aquarela, SP, 1962)


Cláudia Soares

Cláudia Soares esteou no Moitará com Kuát e Iaê - A conquista do dia.

'No princípio so havia a noite. Os irmãos Kuát e Iaê - o Sol e a Lua - já haviam sido criados, mas não sabiam como conquistar o dia. Este pertencia a Urubutsim (Urubu-rei), o chefe dos pássaros..."

terça-feira, 10 de julho de 2007

Maria Victória Mattoso e Ana Clara Mattoso

Na primeira foto, Maria Victória Mattoso e na segunda, Maria Victória, Cláudia Soares e Ana Clara Mattoso, as três mais jovens integrantes da tribo do III Moitará. Estreantes em contação de histórias, pesquisaram belos mitos de origem. Maria Victória apresentou a criação do amor, em uma versão de Couto de Magalhães:

"No começo havia a escuridão. Então nasceu o sol,Guaracy. Um dia ele ficou cansado e precisou dormir. Quando fechou os olhos tudo ficou escuro. Para iluminar a escuridão enquanto dormia, ele criou a lua, Jacy. Ele riou uma lua tão bonita que imediatamente apaixonou-se por ela. Mas, quando o sol abria os olhos para admirar a lua tudo seiluminava e ela desaparecia. Guaracy criou então , o amor , Rudá , seu mensageiro..."

Ana Clara Matoso troxe a origem do arco-íris, segundo duas tradições indígenas: Kaxinawá e Kaiapó .

A pesquisa de Ana Clara teve como base:

Para o mito Kaxinawá: Rã-txa-huni-ku-í, a Língua dos Caxinauás, João Capistrano de Abreu, 1914.

Para o mito Kaiapó: Curt Nimuendaju, Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 1989)

Dauá Silva

O contador de histórias e escritor Dauá Silva, ele próprio com ascendência guarani, apresentou O Iacaré e o índio Tuxim, de sua autoria e avisa:

"sempre que for a um rio pescar ou banhar, tome cuidado e se previna...se nã o Iacaré pode te abraçar.

Dauá levou instrumentos musicais, cantou e acrescentou sons a diversas narrativas.

Helayne Costa

A arteterapeuta Helayne Costa narrou Mai Pituna Oiuquai Ana (como a noite apareceu).

" Na terra verde e faceira, tudo era luz... a hiléia parecia recoberta de uma imensa tapeçaria cor de ouro, tecida pelo tear brilhante do sol...

As trevas dormiam no silêncio misterioso das grandes águas, guardadas pela Boiuna em seu palácio, cheio de srtilégios e encantamentos..."

Maria Luciana Barbosa

Maria Luciana Barbosa, que no II Moitará fizera a opção da escuta carinhosa, neste III Moitará narrou Potyra, as lágrimas eternas.

Carmem Simas

Carmem Simas brindou o Moitará com um relato de Orlando Villas Bôas sobre um...Moitará. Na descrição do encontro entre TRUMAÍS e KAMAIURÁS, percebemos que o valor dos bens a serem trocados em um Moitará diferem, e muito, do valor atribuído por nós, os assim chamados civilizados. Leia o relato:


" Não é comum, mas acontece vez ou outra de uma aldeia entrar em crise alimentar. A roça de mandioca, o grande celeiro, é um convite á vara de porcos-queixada, voraz e destruidora. . Os índios trumaís _ língua isolada _ convidaram os kamaiurás _ língua tupi _ para o Moitará (comércio de troca). Nosso acampamento foi o escolhido para o ato.

Os trumaís foram os primeiros a chegar, não iam além de uns vinte ou trinta, homens e mulheres. Os camaiurás estavam mais representados, talvez uns sessenta ou setenta.

Os dois grupos, formando dois semicírculos, ficaram defronte um ao outro, , cada qual num dos lados de um pequeno espaço no pátio do acampamento, que havia sido cuidadosamente varrido.

O primeiro a falar foi Tamapu, chefe kamaiurá, que foi logo dizendo que sua gente ali representada pelos chefes de grupo se dispunha a atender o convite, embora não dispusesse, no momento, de coisas à altura do interesse dos trumaí.

Logo em seguida, Aluari, chefe trumaí, começou falando que sua gente estava atravessando uma situação difícil. Novos numa área de ocupação, vinham se suprindo quase que exclusivamente de peixe. As roças novas haviam sido destruídas por avanços periódicos de varas de porcos-queixada.

Foi aí que uma surpresa confundiu o ambiente Aluari avançou até a área preparada para serem postos os objetos de troca e exclamou:

_ A fome ronda nossa aldeia. Por isso, propomos a troca desta porção de pequi por mandioca.

E depositou na área de troca uma minúscula massa de pequi do tamanho de um grão de milho, voltando para seu lugar. Não houve um só minuto de indecisão. Tamapu avançou, tomou uma migalha da massa e a colocou na boca. E m seguida, ofereceu aos chefes dos grupos de sua aldeia. Não houve quem recusasse, mas era quase uma provação simbólica do pequi. Tamapu, dirigindo-se ao chefe trumaí, avisou:

_Amanhã, aqui mesmo, traremos a mandioca do Moitará.

A reunião foi desfeita. Cada qual seguiu para sua aldeia.

No dia seguinte, logo pela manhã, foram chegando os índios com a carga pesada. Os trumaís lá estavam para recebê-la. A nós coube auxiliar o transporte para a aldeia, nada menos que 800 quilos de mandioca.

Comentando com os trumaís a magnanimidade camaiurá, eles argumentaram:

_Não. Eles comeram o pequi. Foi feito o Moitará."

Penso em quantas pessoas já ouvi dizer que gostariam de participar do Moitará, mas que nunca haviam contado histórias.Então digo:

_Traga sua massa de pequi!


Maria Abigail Domingues

Maria Abigail Domingues trouxe o mito Setere-Maué que fala sobre a origem do guaraná.

Maria Francisca Nazareth

A arteterapeuta Maria Francisca Nazareth demonstrou que, neste século XXI, a web se apresenta como um recurso a mais para a formação do repertório do contador de histórias. Ofereceu á roda do Moitará a lenda do Pirarucu , da nação dos UAIÁS.


Cleudes Werneck

Cleudes Werneck trouxe O Pássaro da Sorte, o mito do uirapuru, recontado por Clarice Lispector em seu livro Como nasceram as estrelas, da Editora Nova Fronteira.

Ana Lúcia Pó

Ana Lúcia Pó (com o cocar e maraca nas mãos), Focalizadora de Danças Circulares, convocou o grupo a chamar nossos espíritos para o Círculo do Moitará. Cantamos, então, as vogais de nossos nomes, em um rito simples e belo, fazendo circular a Roda. Fizemos o chamado ao iníciar e ao encerrar o Moitará.

A Tribo do III Moitará

Até o próximo MOITARÁ

24 de junho


III Moitará de Histórias- Convite

Trinta mil anos de sabedoria

Narrar é resistir!
Na data da invasão das terras que hoje chamamos Brasil, vamos bendizer os povos indígenas.

Conte um mito ou lenda de uma NAÇÃO INDÍGENA. Traga cópias para um escambo de Palavras Ancestrais.
Ao final do encontro, cada participante terá um repertório de histórias, construído, coletivamente, com a Palavra de cada um.

Um grande abraço
Eliana Ribeiro


Dia 22 de abril de 2007
Das 15:00h às 18:00h

Inscrição: R$ 10,00
Pelo telefone: (21) 3393- 1661 ou
Pelo e-mail:
mandalaxxi@yahoo.com.br

Local: Clínica Pomar
Rua Engenheiro Adel 62, Casa 2,
Tijuca, Rio de Janeiro

AO CONFIRMAR A INSCRIÇÃO, DEIXE UM TELEFONE OU E-MAIL, PARA QUE POSSAMOS COMUNICAR O NÚMERO DE CÓPIAS NECESSÁRIAS.